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Rede Catarinense de Centros de Inovação: como gerir um ecossistema tão grande?

Santa Catarina foi o primeiro estado da federação a consolidar uma rede de centros de inovação própria. Atualmente, são 15 as unidades integrantes: dez são consideradas em funcionamento e cinco, em implantação. Os centros estão espalhados por 12 regiões do estado, movimentando não somente as cidades onde estão inseridos, mas todo o ecossistema do entorno.

  • disseminando cultura de inovação;
  • ajudando a criar empreendimentos inovadores;
  • ajudando empresas já estabelecidas a inovar.

Os Centros foram concebidos para ser instrumento de desenvolvimento de suas regiões. São mais que prédios; são ambientes criados para estimular e apoiar inovação e empreendedorismo inovador, unindo pessoas, entidades, empresas e governos.

A corrida pela inovação tem sido uma das políticas mais estratégicas das nações desenvolvidas nas últimas décadas. Santa Catarina já ocupa um lugar de destaque nesse cenário, inclusive, globalmente, muito devido à consolidação da Rede, pois, para haver inovação de forma sistêmica, é preciso um tipo de ambiente específico, propício, para tal. É o Centro de Inovação.

Santa Catarina é cenário fértil de empreendedores e talentos. Nosso papel como Governo é, acima de tudo, dar vazão a eles, facilitando conexões e mostrando os caminhos para avançar.

Moris Kohl, Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovações do Estado de Santa Catarina

Mas como se faz a gestão de uma rede tão grande?

Existem dez funções entendidas como essenciais a serem desempenhadas no ecossistema, para que os centros cumpram sua missão de gerar e escalar negócios inovadores. A partir delas, a gestão central da Rede acompanha o desempenho de cada centro em seu território, a fim de que ele se torne um ambiente favorável ao desenvolvimento sistêmico de ideias, negócios, produtos, serviços, empresas, etc.

As funções foram estabelecidas a partir de análises de benchmarking nacionais e internacionais e do metamodelo elaborado pelo espanhol Josep Piqué, que esteve em SC em 2015 apresentando para membros do governo do estado e comitês de implantação dos centros.

Elas podem ser executadas por meio de prestação de serviços, campanhas, movimentos e articulação política, eventos, ações de sensibilização, formação de pessoas e assim por diante. São, portanto, competências de todo o ecossistema. Elas, inclusive, podem ser delegadas a qualquer entidade reconhecida por aquela competência na região em questão.

Cada uma das funções é dividida em cinco ou mais subfunções, que detalham os serviços ou ações a serem realizados. As funções e as subfunções já executadas a contento na localidade não devem ser sobrepostas. Pelo contrário, o ideal é que as entidades que oferecem o serviço tornem-se parceiras do centro.

Funções e subfunções atuam como termômetro para que a Gerência da Rede de Centros mantenha controle do panorama de cada região do estado e possa pensar ações e políticas públicas gerais e específicas para cada uma delas. O conjunto delas formam os chamados indicadores da Rede, que ajudam na verificação do desempenho geral da Rede e específico de cada unidade.

Indicadores dos Centros de Inovação: onde estamos e onde queremos chegar

O controle estabelecido pela Gerência da Rede de Centros é feito através do contato direto com gestores e bolsistas dos centros, estes contratados via Fapesc, parceira da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE/SC) por meio de encontros, eventos, reuniões on-line e troca de informação sistematizada em forma de questionários, perguntas e entrevistas. Os dados são centralizados, tratados e organizados de forma a balizar as iniciativas da Rede. Algumas perguntas-chave que guiam os trabalhos são:

  • quais os pontos fortes do Centro?
  • o que precisa melhorar?
  • quem pode ajudar a melhorar?
  • há um Centro que possa colaborar com o outro? Como?
  • como o governo pode atuar para melhorar?

Dentre todas as funções e subfunções utilizadas, para a atuação centralizada da Gerência, destaca-se a primeira, a governança. É como se esta abarcasse, de alguma forma, todas as demais. Podemos fazer uma analogia com um jogo ou esporte para facilitar sua compreensão e o porquê da governança ser tão ampla:

A governança é o regulamento do jogo e, através dela, faz-se a gestão, ou seja, a aplicação das regras durante a partida.

governança compreende todos os processos de governar – e não necessariamente tem a ver com governo algum, pode ser uma organização, um negócio, ou, neste caso, uma rede. Através dela atua-se sobre o sistema social envolvido que, para a rede, compreende os agentes do ecossistema de empreendedorismo e inovação. Em conjunto, analisa-se e planeja-se o futuro do próprio ecossistema e as funções do Centro dentro dele.

A governança da rede é analisada por meio de seis subfunções. Os gráficos mostram o panorama da rede de centros, ao contabilizar como cada subfunção está classificada atualmente em cada um dos 15 centros, a partir da avaliação interna da equipe local:

Você pode conhecer cinco das subfunções navegando pelas imagens a seguir. Entenda o que são, porquê são importantes e como são trabalhadas. Os gráficos norteiam as ações da gerência da Rede, ao fornecer uma perspectiva de como está cada item em cada centro, podendo, inclusive, subsidiar conexões entre centros que já concluíram algo com centros que ainda não iniciaram ou estão em fase de planejamento.

A maturidade do ecossistema

Ao se analisar o conjunto das cinco subfunções anteriores, têm-se indicativos de como se pode classificar a maturidade da Rede de Centros. Esta é a sexta, e última, subfunção da governança, determinante para acelerar a colheita de bons frutos em termos de negócios e talentos locais, ao estar diretamente associada com a taxa de sucesso de novos negócios. Saiba mais na imagem a seguir:

A Rede se apoia em uma metodologia sólida de avaliação do grau de maturidade de ecossistemas de inovação, baseada no mapa conceitual para ecossistemas de startups desenvolvido por Cukier, Kon e Krueger. O modelo sugere quatro patamares:

  1. Nascente: quando o ecossistema é reconhecido como um hub de startups, já com algumas existentes, acordos de investimento e talvez iniciativas do governo para estimular ou acelerar seu desenvolvimento, mas ainda sem grandes resultados em termos de geração de emprego ou de penetração mundial;
  2. Em evolução: quando o ecossistema conta com poucas empresas de sucesso, algum impacto regional, geração de emprego de baixo impacto econômico local;
  3. Maduro: ecossistema com centenas de startups, em que há uma quantidade considerável de acordos de investimento e cases de sucesso com impacto mundial. Há uma primeira geração de empresários bem-sucedidos que começam a ajudar o ecossistema a crescer e se tornar autossustentável;
  4. Autossustentável: ecossistema com milhares de startups e acordos de investimento, pelo menos uma segunda geração de mentores empresários (especialmente os investidores-anjo), rede forte de empresários bem-sucedidos e comprometidos com a manutenção do ecossistema a longo prazo, um ambiente inclusivo com muitos eventos, startups e presença de talentos técnicos de alta qualidade.

Com a ajuda destas classificações e do esquema a seguir, dos mesmos autores referenciados, já é possível avançar para a reflexão sobre como está a atuação dos elementos-chave do ecossistema e como eles têm se relacionado e gerado resultados a partir da colaboração. Este é o próximo passo a ser dado pela Rede.

Texto: Marina Lisboa Empinotti
Artes e dados: Vinicius Guilherme Martins
Mais informações nos Guias de Desenvolvimento de Ecossistemas e Centros de Inovação
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